segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

86. Cronstruamos a paz!


NOS TEMPOS DO ZÉ TOQUINHO
Margaret Pelicano

O disco era de vinil
a eletrolinha era portátil,
funcionava na eletricidade,
raramente dava 'pau'
não tinha problemas de conexão,
era resistente de verdade!...
A máquina de costura era de pedal ou manual
funcionava com arroz e feijão,
fazia costuras e bordados,
ou então bordava-se à mão!
No quintal havia galinhas poedeiras,
frangotes e frangas abastecedores do paladar;
vez em quando um cabrito para o Natal,
ou um porco a engordar.
Os terreiros tinham canteiros
com cebolinha, salsa, coentro,
alface, couve, agrião,
ervas medicinais: poejo, hortelã
quebra-pedra, alecrim, alfazema,
arnica, arruda, alguns até aroeira!...
...boldo, assa-peixe, barbatimão,
cabelo de milho, camomila, capim cidreira,
buxinha do norte, catuaba para manter o tesão;
gengibre, ipê roxo, jatobá,
louro, mastruço, manjericão,
noz moscada, pata de vaca, picão preto, romã;
sabugueiro combatendo sarampo,
sucupira, urtiga, valeriana,
curando, acalmando sem danificar...
Uma vida difícil, mas sem intoxicar!
Tudo 'natureba',
sem agrotóxicos, sem hormônios,
muita criança sapeca:
subindo em árvores, jogando peteca,
brincando de pique-esconde...
Era tempo de sabão Rinso, xarope Melagrião,
sorriso Colgate ou Kolynos,
comprimidos de Melhoral:
'é melhor e não faz mal'!
A lista pode esticar
se acionar mais lembranças:
Na ZYA-4, Rádio Difusora Paraisense,
Miguel era o Zé Toquinho!
Falava pro povo da roça
a linguagem do sertão!
Fez tanto sucesso que o tiraram do ar!
Havia também muita mediocridade...
...muita injustiça a se espalhar:
funcionários sem carteira,
trabalho escravo nas fazendas cafeeiras...
Nem tudo era perfeito, mas que dá saudade, dá!
De uma época de confiança em amigos,
tão intensa, pareciam anjos de altar:
sobrevoando os céus de Paraíso,
'minha querida terra 'Natar'!

Brasília - 04/12/2008

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