sábado, 4 de julho de 2009



ENTRELACES
Áurea Miranda e Margaret Pelicano

Das linhas coloridas das palavras,
recebi um comentário e enriqueci
de tons dourados, prateados, preciosidades mil:
perólas, rubis, safiras puro anil,
fui crivando diamantes em hastes de poemas,
um entrelace de fragrâncias contagiantes
a debulhar pretéritos e presentes,
como creio que são as rotinas mais constantes...
É impressionante a nossa teimosia
em negar um amor sempre presente
a invadir a alma delirante, à espreita
desde abrirmos a primeira janela da manhã.
até cerrarmos os olhos em desejosa colheita!

Assaltam-me idéias, sempre afirmamos :
não posso amar você,
na verdade queremos dizer: não devo...
Flui em minhas palavras,
as negações que escrevo...
Digo da boca pra fora:
- Vá embora! -
E o coração soluça silencioso:
não posso deixar de amar você,
amor caridoso e caprichoso!

E assim, dia após dia,
vamos descobrindo, tentando,
cutucando o peito estreito,
para tanto amor doar,
grande para receber,
como cisterna sempre com água a sangrar,
feito ladrão em caixa d'água,
quanto mais entra, mais tem a despejar...
Assim são todos os amores,
filiais, maritais, amaziados,
importa o quilate que invade,
tudo o mais é secundário,
não importa a idade...

Entrelaces de quimeras,
prazeirosos, sempre à espera,
de reconhecimento e contento,
um amor vai embora,
outro chega a cada momento!
Diferentes é bem verdade,
mas com quanta propriedade
é plantado pelo mundo,
espelhando e espalhando
o melhor da Divindade!

Brasília - 04/07/2009

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