Margaret Pelicano
Olha o leite! Olha o leite!
Olha o leite! Olha o leite!
Ainda escuro, manhãzinha chegando,
mineiramente falando
o leiteiro conduzia a carroça repleta de latões bem areados,
brilhando aos primeiros raios de sol
uma lata de óleo adaptada,
medindo um litro certinho,
vendendo o precioso alimento
que a todos dava sustento!...
Não haviam agrotóxicos, nem hormônios,
o leite dava 'sustança', a carne era sem igual:
animal só comia grama,
ração...fazia mal!
ração...fazia mal!
Investimentos na saúde,
era a boa alimentação!
Todos os terreiros lotados de frutas variadas,
verduras nos canteiros,
cheiro verde abrindo apetites
para o mundo inteiro!
Cadinho mais tarde, vinha o padeiro!
'Olha o pão, olha o pão fresquinho,
assado com carinho,
forno a lenha....tenho pães e biscoitinho!
Bolachinhas variadas!
'Nas cestas forradas de pano branquinho
sobre a carroça com parelhas
ou em carrinho de pedreiro,
tudo bem limpinho
estava o pão, as roscas rainhas,
ele deixava na porta para quem era freguês
estava o pão, as roscas rainhas,
ele deixava na porta para quem era freguês
e recebia no final do mês.
O quitandeiro, aceitava caderneta!
Era comprar e marcar!
A cada 30 dias, somar
o que se ia comprar!
Tempo 'bão' da confiança
onde o bigode era como fé e esperança!
O chapéu do homem sobre o chapeleiro
era marca de honra, respeito, valia mais que dinheiro!
Se o menino fazia estripulia,
puxava-se a orelha,
um beliscão corrigia o mal feito,
sentado na cadeira, cumpria-se o castigo,
todos ajudavam nas tarefas do lar,
igualmente estudavam,
eram alimentados com farinha;
do fubá, fazia-se o mingau,
cataplasmas nas bronquites;
chá de alho e limão
curava gripe!
Frango, alimento raro,
era para o domingo:só o caipira!
Era feito ao molho pardo,
ou amarelinho com quiabo
acompanhado de angu,
arroz soltinho, alface da horta
a boca ficava até torta,
de tanto se lamber
sugar o caldo dos ossinhos,
sabe-se lá quando isto voltaria a acontecer...
O respeito valia muito!
Muitos tomavam a bênção aos mais velhos,
costume que foi se perdendo,
mudança de verbo...
crianças não davam palpites,
nem se metiam na conversa dos mais antigos,
era grande a economia
de lápis e papel,
estojo de madeira durava o curso inteiro,
nada se jogava fora,
estudo sempre vinha em boa hora!
Decorava-se a tabuada
de somar, dividir, multiplicar, diminuir,
pontos eram sorteados e recitados
na frente do Mestre...
ou se tinha boa memória
ou se adquiria para se dar bem em história e geografia
era tanta coisa diferente,
mas toda gentevivia feliz e contente
com o pouco que se tinha
Tempo bão aquele...tempo bão
de pouco dinheiro para uns,
mas de muito respeito para todos!
Passou-se pela primeira guerra mundial
chegou-se à segunda,
as pessoas sofriam muito
por que sentiam o lamento do outro;
o caráter estava impregnado na testa!
O trabalho no coração!
A moral não se perdia,
não se mudava de opinião,
grande valor tinha a educação...
Hoje, não sei,
perdeu-se a noção e a lei,
falta de educação e esperteza
são laureados
considerados um bem,
coitados dos honestos,
dos de boa índole,
estes se perdem
aqui, agora, e no além...
Passou-se pela primeira guerra mundial
chegou-se à segunda,
as pessoas sofriam muito
por que sentiam o lamento do outro;
o caráter estava impregnado na testa!
O trabalho no coração!
A moral não se perdia,
não se mudava de opinião,
grande valor tinha a educação...
Hoje, não sei,
perdeu-se a noção e a lei,
falta de educação e esperteza
são laureados
considerados um bem,
coitados dos honestos,
dos de boa índole,
estes se perdem
aqui, agora, e no além...
Brasília - 21/01/2009
****
AQUI ERA TAMBEM
Maria Luiza Bonini
Aqui na paulicéia
que ainda não era desvairada
tambem era assim
Havia o leiteiro
o padeiro
o entregador de frutas
cheio de pássaros , era o meu jardim
A escola era risonha e franca
Onde o respeito
tinha seu lugar eleito
ao velho professor de barbas brancas
Existia o verdureiro
o ferreiro
e o marceneiro
O carroceiro entregador
com sua mula labutante
nos trazia do alimento
até a linda flor
Existia pai e mãe
no almoço de domingo
com frango assado
e um macarrão bem-vindo
Era dia de missa
e lá iamos para a das dez
Com vestido rodado e laço de fita
Queriamos sempre ser as mais bonitas
Ao sermão do padre
poucos ouviam
era enfadonho e maçante
flertavamos na missa,
era bem mais interessante
A sessão da tarde
no cinema
era o ponto de encontro
dois filmes, desenho animado e jornal
eram horas de entretenimento
saudável tempo
sem igual
Eramos tão livres
e não sabiamos
Que das voltas
do mundo
seriamos traídos
pelo desrespeito a tudo
tornando a todos
refens de uma vida
regida
por conceitos tão imundos
São Paulo (SP), 22.01.09
****
AQUI ERA TAMBEM
Maria Luiza Bonini
Aqui na paulicéia
que ainda não era desvairada
tambem era assim
Havia o leiteiro
o padeiro
o entregador de frutas
cheio de pássaros , era o meu jardim
A escola era risonha e franca
Onde o respeito
tinha seu lugar eleito
ao velho professor de barbas brancas
Existia o verdureiro
o ferreiro
e o marceneiro
O carroceiro entregador
com sua mula labutante
nos trazia do alimento
até a linda flor
Existia pai e mãe
no almoço de domingo
com frango assado
e um macarrão bem-vindo
Era dia de missa
e lá iamos para a das dez
Com vestido rodado e laço de fita
Queriamos sempre ser as mais bonitas
Ao sermão do padre
poucos ouviam
era enfadonho e maçante
flertavamos na missa,
era bem mais interessante
A sessão da tarde
no cinema
era o ponto de encontro
dois filmes, desenho animado e jornal
eram horas de entretenimento
saudável tempo
sem igual
Eramos tão livres
e não sabiamos
Que das voltas
do mundo
seriamos traídos
pelo desrespeito a tudo
tornando a todos
refens de uma vida
regida
por conceitos tão imundos
São Paulo (SP), 22.01.09
5 comentários:
Adorei!
Ana MªPeralva
Beautiful!
MªLuiza Porto
Ma êita, tempo bão hein prima?
Me deu uma baita sodade!!!!!
Me vi lá em Ouro Fino na casa da vó Ina, comendo
frango ao molho pardo com macarrão feito em casa nadando
no caldinho dele.
Comi o pescoço do recheado de sangue,que ela fazia pra mim
Depois fui até o "terreiro" apanhar uma pêra,figo ou goiaba, pra
comer de sobremesa.
Enquanto isto, o que nossos pais diziam era lei sem contestação
Ô tempo bão....
Obrigada mais uma vez....
SÔNIA PELICANO
Bárbaro Meg!
Adorei essa descrição dos dias passados onde tudo era mais trabalhoso porém mais gostoso.
Eu ia lendo e parecia que eu estava vendo as cenas.
Muito bacana mesmo e só vc mesmo para escrever essas coisas.
bjssssssssssssssss
Maria Helena
Tempo bão mesmo, amiga! Nós pedimos a bênção pro meu pai ate ele morrer,
ha 2 anos! Respeito era algo muito importante para todos. Professor era um deus pra gente!
Parabens, querida, eu amei de paixão! Um beijo
Ilze
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